Baldur’s Gate 3, o maior game de 2023
- Essa análise possui alguns spoilers menores
- Plataforma jogada: STEAM
- Escrito por: Griffith, fundador da DungeonBits — Blue Sky
O que você faria se eu te levasse para um mundo único onde você pode ser o que quiser? Servir aos deuses malignos, ou ser o herói que o mundo precisa, em Baldur’s Gate 3, tudo é possível!
-O que é Baldur’s Gate 3?
Baldur’s Gate 3 é um game do gênero CRPG desenvolvido pela Larian Studios e publicado também pela própria Larian. O game saiu em Early Access na Steam em 2020 e teve o feedback da comunidade durante todo o processo até seu lançamento em 3 de agosto de 2023. Baldur’s Gate 3 é um game onde você e seu grupo de aventureiros precisam descobrir como remover um parasita que um dos Mindflayers, temíveis criaturas do D&D, colocou em você, e nessa jornada você vai do céu ao inferno para buscar uma cura, ou será que seu foco é apenas ver o mundo queimar?
-O Sucesso e as consequências de Baldur’s Gate 3
Em 2023, o game levou o prêmio de Jogo do Ano no The Game Awards. A obra-prima da Larian se saiu muito bem, sendo o único game na história que venceu todas as premiações de Jogo do Ano possíveis: Golden Joystick, The Game Awards, DICE, GDC e BAFTA. Para você ter uma ideia, Breath of the Wild, God of War (2018) e Elden Ring conseguiram quatro prêmios.
A recepção inicial foi extremamente positiva e Baldur’s Gate 3 caiu na boca do povo. Muitas pessoas testaram o game e testemunharam o caos que é jogar o gigante game da Larian, e bota gigante nisso porque você leva mais ou menos umas 80 horas para zerar. O game teve quase 1 milhão de jogadores consecutivos e nem Sven (CEO) imaginava isso, ele esperava algo em torno de 180 mil pessoas jogando simultaneamente no lançamento, lembrando que estamos falando somente da Steam, ainda temos o PlayStation e o XBOX, então pode esperar que os números foram ainda maiores.
Baldur’s Gate 3 consolidou em definitivo, e novamente, o gênero CRPG (Computer Role Playing Game), que não era nem sequer citado na mídia por anos e anos, e isso que tivemos inúmeros sucessos durante os últimos anos como, Pathfinder: Kingmaker, Pathfinder: Wrath of the Righteous, Pillars of Eternity, o primeiro CRPG no universo Warhammer, Rogue Trader que foi lançado pela Owlcat Games, a Owlcat Games inclusive, que é uma das grandes responsáveis por esse certo ressurgimento desse gênero tão fantástico e complexo que é o CRPG, e olhe que ela não tem tanto reconhecimento quanto deveria na minha opinião.
Algo que Baldur’s Gate 3 fez e eu acho simplesmente surreal, é conseguir fazer com que as pessoas conheçam mais games nesse estilo, muitos amigos começaram a jogar vários dos games citados anteriormente após finalizarem o game da Larian, e quando quero falar sobre Rogue Trader, por exemplo, e pergunto se a pessoa já jogou, ela sempre me pergunta do que é o game, e quando menciono que é um CPRG e ela pergunta o que isso significa, basta eu dizer que é igual Baldur’s Gate 3 e ela simplesmente entende do que estou falando, isso é incrível, pois o game da Larian não só consegue ser uma obra-prima como também gerar interesse em outras obras de outros estúdios menores e sem tanto orçamento.
Eu, por exemplo, sou um amante do gênero, eu amo essa ideia de liberdade, de terminar uma quest de diversas formas, de moldar o mundo ao redor com suas escolhas, de ser julgado por ficar do lado de certos npcs, ou de simplesmente ser tratado de forma diferente porque, em seu passado, você foi um nobre, ou um ladrão, e que, no fim, tudo que você fez é pesado no fim do game e tem consequências! Inclusive, uma das frases mais icônicas que já vi quando terminei um game foi em Divinity Original Sin 2, o game anterior da Larian e que é incrível também. Após terminar o jogo, ele apresenta o que aconteceu com vários personagens, os diversos reinos e ainda manda a seguinte frase: “Somente você sabe se pagou pelos seus pecados”. Isso é de arrepiar.
Nesses games, é comum notar uma aproximação com as fichas de RPG. São algo que eu amo, é como se fosse uma sessão de D&D com seus amigos. Eu descrevi Baldur’s Gate 3, mas essa descrição vale para todos esses games citados anteriormente.
-Como funciona o Background? (Seu passado)
Em Baldur’s Gate 3 podemos criar nosso personagem com um background próprio, que é o que os próprios devs incentivam para uma primeira run no game, ou se preferir, escolhemos um dos vários personagens que já possuem suas histórias e origens, e é interessante porque se escolhermos, por exemplo, a Shadowheart, nós já entramos no game sabendo os segredos dela e podemos escolher compartilhar a qualquer momento a respeito deles, já se jogarmos com outro personagem como o protagonista, a coisa fica mais difícil, pois só descobriremos a respeito dos seus segredos se ela decidir contar pra gente.
-Jogabilidade, party & mecânicas
Temos uma party de até quatro personagens, e é importante que tenhamos membros que possam executar as mais diversas funções, pois precisamos de pessoas que sejam boas em negociar com vendedores para conseguirmos preços melhores, ou intimidar oponentes poderosos na base da conversa, e também durante os combates, para a questão do combate é aí que o bicho pega, para ter sucesso em Baldur’s Gate 3 nós precisamos de um healer para curar os outros membros de ataques terríveis, um Rogue, que é o clássico ladino, abridor de fechaduras e larápio que atacará pelas costas, e sempre se escondendo, também precisamos de alguém para atrair a atenção dos inimigos e ser o nosso clássico mano porradeira, pode ser um Barbaro, um Guerreiro, Paladino, tanto faz, alguém que possa aguentar levar um sacode mas que consiga revidar com força, e claro, não pode faltar um mago, pois afinal, D&D sem um mano que solta magia na sua party não é D&D.
Durante o cenário, podemos encontrar vários tesouros escondidos, pergaminhos ou livros que nos levam a quests insanas. Conseguimos informações sobre os deuses, rituais e até fofocas do universo de Baldur’s Gate. Algo surreal é que podemos entrar em praticamente todas as casas e lugares do game, e sempre acharemos algo interessante lá. Alguns desses itens ou atalhos só podem ser descobertos se seu personagem tiver percepção bem alta. Isso tudo depende da build que você está usando nele. Nem vou entrar em muitos detalhes a respeito de builds, porque acredito que cada um joga como quiser, mas é sempre bom focar em upar exatamente o que seu personagem precisa upar. Se ele é um Guerreiro ou Bárbaro, então vai precisar upar força e colocar habilidades que lhe ajudem nessa função. Inclusive, os equipamentos que usamos variam conforme a classe. Se colocarmos uma armadura pesada em um Bárbaro ou Monge que não usam esse tipo de equipamento, então podemos notar que o desempenho deles ficará abaixo do esperado durante os combates. Isso vale para armas também. Se seu personagem não tem conhecimento suficiente para usar um crossbow, então não adianta botar um na mão dele. Ele vai errar tudo e gastar seus pontos de movimento à toa. Sim, como o combate é em turno, precisamos gastar nossos movimentos com sabedoria. Aproveitar cada ação é quase como um jogo de tabuleiro, só que mais divertido e letal.
Outra coisa incrível é que o ambiente ao redor do combate pode ser usado nele também, se tiver um barril com óleo ou conteúdo inflamável, e jogarmos uma bola de fogo lá, ou um frasco de conteúdo inflamável, então o barril explode, podemos pegar objetos e arremessar nos inimigos também (podemos jogar nossos companheiros neles também), enfim, o game te dá toda a liberdade da face da terra para você enfrentar seus inimigos da forma que preferir, incluindo empurrá-los de lugares altos, dá até para sair tocando música no meio do combate. Podemos comprar equipamentos, melhorá-los, criar poções que nos ajudam no combate, ou comprá-las, ou no caso, se você for assim como eu, você vai roubar dos vendedores ou NPCs que encontrar, um detalhe importante que quase esqueci de mencionar, o game é bem equilibrado, mesmo nas dificuldades mais fáceis, se você se meter no lugar errado ou se descuidar, pode morrer facilmente.
-Ambientação
Em Baldur’s Gate 3 passamos por inúmeros locais incríveis, vou citar alguns deles: Cavernas que são acessadas ao entrarmos em poços, e elas têm aranhas gigantes, montanhas com vistas sensacionais, a cidade de Baldur’s Gate que é enorme, cheia de lojas, crimes acontecendo, robôs bizarros patrulhando ela, bibliotecas gigantes, cultos escondidos, gangues de bandidos vivendo nos locais abandonados da cidade, esgotos com monstruosidades morando lá, e para fechar com chave de ouro, podemos ir até debaixo da água em uma espécie de fábrica bizarra, não vou dar muitos detalhes, apenas saiba que Baldur’s Gate oferece de tudo um pouco quando o assunto é ambientação, quando jogamos temos a impressão de estarmos passando por cenários dos filmes do Senhor dos Anéis e como o jogo é bem longo o sentimento é real.
-Bugs
Eu encontrei poucos bugs, nada que prejudicasse o game, e isso durante as diversas jogatinas que tive. Tenho por volta de quase 300 horas no game e fiz diversos caminhos diferentes. Posso afirmar que não topei com nada que tirasse minha vontade de jogar. Porém, muitos jogadores relataram problemas no seu game, mas a maioria foi no console e no Xbox houve uma falha bem crítica. Houve problemas onde jogadores perderam seu save, mas esse tipo de situação, por mais ruim que seja, é um tanto esperada devido ao escopo do game e foi resolvida na ocasião. Não existe nada na indústria que consiga dar tanta liberdade, conteúdo de qualidade e sem custar caro, como é Baldur’s Gate 3. Minha experiência foi bem positiva com o game, levando em consideração os bugs dos consoles durante o lançamento. Mas já estamos em 2024 e a Larian continua adicionando novos finais, novas correções de bugs e o game envelhece como vinho.
-Escolhas & Mods *Contém Spoilers*
Em Baldur’s Gate 3, as escolhas são extremamente importantes e o jogo deixa isso claro desde o início. Cada ação que você faz tem consequências. Esse é um conceito presente nos games mais recentes da Larian e dos CRPGS em geral. Escolher entre ser um nobre, um charlatão, um herói local e por aí vai. Lembrando que o seu background define como você é tratado pelas outras pessoas e as opções de diálogo que você pode usar variam também.
Um bom exemplo de como as escolhas funcionam é no tutorial do game, você pode escolher salvar a Shadowheart de um dos pods da nave do Mindflayer ou não, e se escolher salvá-la, ela ficará muito agradecida e será mais fácil ter um romance com ela depois. Falando em romances, se você estiver em um rolo com a Shadowheart e ela flagrá-lo flertando com outra pessoa, só digo isso, prepare-se para levar uma bronca daquelas. Algo que quase esqueci de mencionar é que para ações importantes que podem definir se evitamos uma briga ou como nos saímos em certas situações, nós rolamos um dado, assim como nos RPGs de mesa, e nossas habilidades, background e buffs de party modificam as chances do nosso sucesso.
Temos personagens bons e ruins em nossa party, e claro, nossas escolhas impactam a opinião deles sobre nós também. Alguns podem até deixar sua party, caso você faça algo muito insano. Se você jogar de Dark Urge, eu posso garantir que muitos membros da sua party não vão aprovar as suas maluquices, e dependendo do que rolar, eles vão te enfrentar e acabar com você de uma vez. É seguro dizer que jogar de Dark Urge e conviver com os outros enquanto tenta se tornar o escolhido de Bhaal é algo, no mínimo, insano. Porque no fim, tudo que restará é a morte, e nada mais. No fim das contas, nós decidimos o que acontece com o mundo, e dependendo do que fizermos, até nossos companheiros sofrem as consequências. É muito interessante ver o resultado de nossas escolhas. Ter o poder de destruir o mundo ou salvá-lo é algo bem especial em Baldur’s Gate 3.
Os mods são parte essencial em Baldur’s Gate 3. Eles aumentam ainda mais o fator de rejogabilidade do game, que já é, por conta própria, muito bom. Temos armas novas, armaduras novas, cabelos, rostos e até backgrounds diferentes para utilizarmos. No print acima, a Shadowheart está usando uma roupa mais ousada e meio gótica, como podem ter notado. Temos escolhas até nisso. Não vou me adentrar muito no assunto de mods, mas é importante ressaltar o quão essa comunidade é apaixonada por esse game. Não é à toa que continua tendo muitos jogadores ativos, mesmo tendo passado mais de um ano depois de seu lançamento.
-História
Em Baldur’s Gate 3, você acorda em uma nave estranha com um ser horroroso colocando um parasita dentro da sua cabeça e, durante um ataque de um grupo de guerreiros a essa nave, nós conseguimos escapar após ela cair em um lugar desconhecido. Agora, acabamos encontrando outros sobreviventes que também têm o parasita dentro de sua cabeça e o objetivo é buscar a cura antes que nos tornemos outro Mindflayer. Passamos por diversos caminhos e inimigos diferentes para nos salvar, chegando até a enorme cidade conhecida como Portão de Baldur, ou como você deve conhecer, Baldur’s Gate. Decidi não falar muito da história porque é, como eu digo, subjetiva e cada um pode gostar ou odiar, mas o game da Larian tem uma história rica, cheia de lore e muito fascinante. Recomendo fortemente jogar e prestar atenção em cada detalhe, pois você é muito recompensado nela, seja pelos pergaminhos com informações secretas que achar pelo caminho ou pelos segredos que descobrir ao longo de sua jornada.
-Dublagem e trilha sonora
O que falar da dublagem dos personagens? Além de premiações pelo incrível trabalho dos atores, temos inúmeros momentos icônicos dentro da franquia e são icônicos muito pelo fato da qualidade e empenho dos dubladores, em especial, Neil Newborn, você o conhece como Astarion, o vampiro charlatão de Baldur’s Gate 3, o rapaz foi tão incrível em dar vida ao personagem que ganhou até prêmios com isso, ele tem em seu currículo várias nomeações e o prêmio de Melhor Atuação no TGA de 2023, esse foi um dos muitos prêmios que Baldur’s Gate 3 levou, e claro, existem centenas de momentos durante a longa jogatina onde dá para dizer que o ator deu a vida em seu papel, e ele não é um caso isolado, Jennifer English como Shadowheart deve ter se divertido despedaçando o coração de muito fã safado por aí, e o que dizer da atriz que deu vida à Lae’zel, a Devora Wilde, quem diria que alguém conseguiria me convencer que aquele bicho amarelo era tão especial?
A trilha sonora também é um ponto forte da Larian, não só pelas icônicas melodias em Divinity Original Sin 2, mas também em Baldur’s Gate 3. A música que toca durante a criação do personagem já é de se aplaudir, um tema calmo que insinua um ambiente misterioso, algo que remete a uma fábula. Não poderiam ter acertado mais. Mas o que mais me chamou a atenção é durante o combate contra um dos chefes mais difíceis do game, Raphael, em seu lar. O chefe sabe que a batalha será difícil para o jogador e, desde o início, somos surpreendidos por uma voz feminina bela, quase angelical, com uma tonalidade quase suplicante por salvação. Dito isso, se você não estiver bem preparado, pode apostar que vai sofrer…
Um pouco da letra traduzida por mim para você sentir o drama:
“Vidas, todas as vidas mortais terminam
Almas vão para a perdição em chamas, para sempre”
E após esse início perfeito, triste e que te prende, uma mudança brusca ocorre: um órgão fúnebre começa a tocar de forma ameaçadora e, quando você acha que acabou e pode começar a batalha, do nada, Raphael, o seu inimigo, começa a cantar, zombando de você, pois sabe que suas chances de derrotá-lo são minúsculas.
“Tolos, tolos, o quanto vocês lutaram
Corajosos, corajosos, mas foi tudo em vão
True Souls, que não puderam ser comprados
Arruinados, encontrados, e pegos!
Não negociarei mais, acabou!
O ato final, seu fim
Não tem mais graça, acabou!
A Casa da Esperança consome!”
Caso queira ver a reação de alguns streamers ao incrível tema “O ato final de Raphael” aqui está o vídeo, vale lembrar que isso é praticamente um spoiler da batalha.
-Opiniões & Situação da indústria
O que me chama atenção em Baldur’s Gate 3 é o fato de que o game se consagrou como um dos jogos mais incríveis da última década, em uma indústria que caminha para cenários caóticos, várias demissões em massa, CEO achando que feedback é toxicidade gamer, e consultorias feitas por pessoas que não entendem o próprio público, algo assim como Baldur’s Gate 3 pode ser visto como a cura na indústria, quando o próprio CEO da empresa é interessado no game, não se preocupa em lucrar primeiro e sim em produzir algo que as pessoas gostem é algo difícil de se encontrar, e precisamos dar valor a isso, em certos momentos a Larian até ficou com certas dificuldades financeiras, pois de certo modo é um estúdio indie, sem uma publisher por trás para bancar os custos. E podemos afirmar hoje em 2024 que a aposta que fizeram valeu a pena, precisamos de mais empresas que foquem no que o consumidor quer, que voltem a pensar na qualidade do produto que estão lançando, isso faz bem para todos, faz bem para a empresa que não vai precisar mandar ninguém embora por não vender bem seus jogos, e agrada os acionistas, faz bem para mim que vou ter o valor do meu dinheiro gasto sendo recompensado, e claro, evita problemas futuros para novos lançamentos, inclusive, recentemente Sven informou que o próximo game que a Larian está desenvolvendo será algo grande, ao contrário do que pensávamos, que eles tomariam outro rumo e fariam um game em menor escala, segundo Sven, a Larian foi feita para criar games no padrão de Baldur’s Gate 3.
Eu fico feliz em falar sobre Baldur’s Gate 3. É um game que merece tudo que conseguiu. Não tem lootbox, não tem ad dentro do game, não lançou incompleto. Não tem 4 versões diferentes com o conteúdo do game parcelado em 15 DLCS caras, ou até mesmo o temido passe de temporada. Pelo contrário, o game da Larian vai na contramão desse câncer e está de tempos em tempos recebendo patches de correção. Os devs ainda estão adicionando conteúdo até agora para dar ainda mais opções aos jogadores, tudo de graça, sem precisar pagar por isso.
É surreal o nível de amor que Baldur’s Gate 3 recebeu ao longo dos anos, quem diria que focar em fazer um game bom e que agrada seu público alvo acarretaria em um dos melhores jogos de todos os tempos. Eu bato muito nessa tecla nas análises que faço porque é algo tão simples, mas que parece tão distante para as pessoas que têm em suas mãos obras tão conhecidas e queridas pelos fãs. Eu espero que Baldur’s Gate 3 sirva de exemplo para muitos desenvolvedores, não estou falando para criarem jogos desse tamanho, mas sim que pensem em seus fãs e no que eles querem, porque afinal, se os fãs não estiverem felizes, eles não irão te apoiar, e sem apoio, você não sai do lugar. Vivemos tempos de mudanças na indústria dos games, gigantes começam a despencar como é o caso da Ubisoft, e empresas menores começam a se firmar no topo, como é o caso da Larian. É o ciclo natural das coisas, quem tem capacidade de gerar bons produtos tende a colher os frutos depois.
Baldur’s Gate 3 é algo surreal, algo praticamente impossível. Um CRPG furar a bolha, aparecer em diversos sites de notícias, youtubers famosos e na sua timeline do Twitter ou Bluesky, e ainda assim aconteceu. É o game perfeito para se jogar sozinho ou com seus amigos, um jogo sem microtransações, completo, onde o foco é a diversão, imersão e liberdade. É o game que chegou até a levantar a discussão e preocupação de outros devs que temiam que os jogadores esperassem que Baldur’s Gate 3 se tornaria uma espécie de padrão. Claro, o assunto era o escopo e tamanho do jogo, mas nós sabemos que o padrão de Baldur’s Gate 3 é difícil de ser alcançado, afinal, é difícil criar algo tão bom que supera todas as expectativas. Espero que o sucesso de Baldur’s Gate 3 e a coragem da Larian consigam encorajar mais desenvolvedores a não terem medo de arriscar e confiarem em si mesmos, para termos mais games incríveis e únicos no futuro.
Nota Final: 10/10
Recomendo jogar, principalmente com seus amigos. Será uma incrível sessão de D&D com eles. É garantido que você vai se divertir. Existem muitos bons momentos durante o jogo, e muitas oportunidades para explorar, rir e conhecer mais do mundo de Baldur’s Gate 3. Ele é ótimo para abrir as portas para quem quer conhecer o gênero CRPG. O que ainda está fazendo aqui, camponês? Vai jogar!
-Considerações finais:
- Alguns bugs menores
- O game é bem longo, cerca de umas 70 horas para finalizar a história principal
- Tem várias opções de romance, se você é desses
- Combate muito divertido, intuitivo e extremamente bem pensado
- Customização de personagem é bem robusta
- Diversas classes iniciais para você escolher (Mas você pode jogar como quiser, pode fazer um anão necromancer, tanker e DPS ao mesmo tempo)
- Suporte nativo para Mods
- A história é fantástica
- Muita lore
- As escolhas tem impacto e você sentirá na pele o peso delas
- A dublagem dos personagens é impecável
- A semelhança com os RPGs de mesa é fortíssima, e isso é ótimo
- Ambientação variada
- A exploração é fortemente incentivada e ocorre de forma natural devido ao fantástico level design da Larian
- O idioma em que joguei foi o inglês
- Sempre que tomar uma decisão você vai jogar um dado, assim como em um RPG de mesa
- Pelo preço que você paga (R$ 200,00 na Steam), é um excelente valor para o game que você está comprando, vale muito a pena