Análise de Indiana Jones And The Great Circle, é tudo isso mesmo?
“Nostalgia sem limites!”
- Essa análise não possui spoilers da história principal
- Plataforma jogada: STEAM
- Você encontrará MUITAS referências aos filmes da franquia Indiana Jones
- Escrito por: Griffith, fundador da DungeonBits
-O que é Indiana Jones And the Great Circle?
O mais novo jogo do Indy foi desenvolvido pela Machine Games, sendo o maior game já produzido pelo estúdio (em escala e escopo). Além disso, George Lucas e Steven Spielberg estiveram envolvidos no projeto durante todo o processo de desenvolvimento. Inclusive, o estúdio Lucasfilm Games também contribuiu com a produção do game.
Indiana Jones and the Great Circle se passa em 1937, basicamente entre os filmes Os Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada. Durante o jogo, Indy enfrenta nazistas e fascistas (e outras coisas que não posso mencionar) em uma corrida contra o tempo através de vários continentes para desvendar o mistério do “Grande Círculo”. E digo mais: Se tem uma coisa que Indiana Jones parece adorar fazer, é surrar nazistas. Isso é algo que ele tem em comum com a Machine Games, já que o estúdio é responsável pela franquia Wolfenstein.
Agora, imagine um Wolfenstein onde você precisa resolver vários enigmas durante a jogatina. Esse é Indiana Jones and the Great Circle. Os enigmas são bem pensados e muito legais de completar. Em um dos momentos, um dos meus amigos, assistindo à minha jogatina, até me ajudou a resolver um deles, já que eu tenho o intelecto de um Kiwi e estava preso em um lugar bizarramente alto.
Algo que me chamou a atenção e me incomodou um pouco foi que, às vezes, o seu companheiro dentro do jogo dá dicas do que fazer, igual acontece em God of War. Isso é bem chato. Mas, no quesito puzzles, o jogo está excelente, lembrando que eu tenho o QI de uma marmota aquática e achei os enigmas bem legais de se fazer.
-História
A história de Indiana Jones and the Great Circle se passa em 1937. Indy está dando aulas em sua universidade, em Connecticut, nos Estados Unidos, quando um dos artefatos da instituição é roubado. Ao tentar evitar que o culpado fuja, a situação se complica. Indiana descobre o envolvimento do Vaticano e, ao ir até lá, se depara com fascistas italianos trabalhando em conjunto com o Terceiro Reich para localizar artefatos antigos.
Indy também descobre que quem está liderando essa busca é seu rival, Emmerich Voss, um arqueólogo renomado e manipulador, além de ser um put* psicopata. Ele está em busca de uma antiga lenda que envolve vários locais históricos conectados por uma linha global chamada “Grande Círculo”.
Para superar seu rival, que conta com o apoio do próprio Führer, e explora a devoção maluca dos soldados alemães, Indy precisará de aliados, e digamos que é bom que ele tenha essas amizades porque do contrário ele estava é lascado, porque a aventura do game é cheia de desafios e reviravoltas.
E vou parar por aqui, a história é fantástica, é algo que você veria em um filme do Indy mesmo, e digo mais, se esse game fosse um filme, ele poderia ser um dos filmes mais incríveis do nosso aventureiro.
Se você é alguém que conhece história, é aquele cara que assiste a Alienígenas do Passado ou se empolga ao pesquisar mistérios da humanidade que envolvem lendas bíblicas, segredos que conectam várias civilizações antigas e afetam o nosso dia a dia, então saiba que este game é repleto disso.
Eu realmente gostaria de compartilhar as teorias do mundo real que se relacionam à história deste jogo, mas prefiro evitar, pois isso revelaria o enredo, que é bem explosivo e extremamente bem fundamentado. Assim como em Kingdom of the Crystal Skull (2008), onde várias teorias da conspiração, aliens, civilizações antigas e povos nativos isolados do resto da humanidade se misturam ao mundo moderno dividido entre o Ocidente capitalista (Estados Unidos) e o Oriente comunista (União Soviética).
MOMENTO JABA!
Você ama história?
Quer saber como ela impacta os games que você gosta?
Então da uma olhadinha nesse vídeo aqui do amável (e lindo) História e Games:
Algo que preciso dizer é: Indiana Jones And The Great Circle tem uma história maior, e melhor do que Kingdom Of The Crystal Skull que é meu filme favorito da franquia, e ainda deixa certas coisas para você interpretar, principalmente no final, e isso é algo que me atrai, eu amo esse tipo de narrativa, ela te explica as coisas sim, mas não te insulta caso você não tenha conhecimento sobre as coisas que os personagens estão falando.
-Mecânicas de jogo e a temida câmera em primeira pessoa
A Machine Games decidiu fazer Indiana Jones nos mesmos moldes de Wolfenstein, ou seja, em primeira pessoa. No entanto, em Indiana Jones há algo um pouco diferente: durante algumas transições no cenário, é possível controlar o personagem em terceira pessoa. Nessas ocasiões, a câmera muda, e vemos Indy executando as ações. Isso acontece, por exemplo, quando precisamos abrir uma passagem secreta, atravessar um local estreito em um desfiladeiro, escalar paredes ou durante as cutscenes, quando o jogo volta para a terceira pessoa.
Essa abordagem funcionou muito bem para mim. Afinal, o rosto de Indy é icônico, e é ótimo ver suas reações e expressões faciais durante os diálogos. Infelizmente, muitas pessoas podem acabar deixando de jogar um dos melhores games de aventura da atualidade. E um detalhe importante: este jogo traz uma proposta diferente dos demais, com uma abordagem imersiva e corajosa.
Não se trata apenas da questão da câmera, mas do fato de a Machine Games ter arriscado muito ao manter sua visão artística nesse formato. E digo mais: eles acertaram. O jogo é fantástico, e a câmera não atrapalha em nada; pelo contrário, ela torna o game único.
Nem tudo precisa ser como Uncharted ou Tomb Raider. O mundo precisa de mais diversidade nesse aspecto. Afinal, Tomb Raider e Uncharted só existem hoje em dia graças aos filmes do Indy. Nada mais justo do que aceitar que obras diferentes podem ser genuinamente únicas em suas ideias, sem que isso tire o mérito de nenhuma delas.
Para se locomover por lugares mais íngremes ou altos, Indy utiliza seu chicote, que funciona quase como uma corda. Ele é indispensável durante a jogatina. As missões funcionam da seguinte forma: são áreas enormes, repletas de locais escondidos.
Por exemplo, no Vaticano, essa área está cheia de soldados fascistas patrulhando o local. Precisamos abrir portas secretas procurando por chaves ou ganhar dinheiro em competições de boxe para comprar livros que desbloqueiam novas habilidades ou revelam mistérios dessa região.
Além disso, podemos encontrar diversos colecionáveis, que trazem muita história, sim, história real e contam um pouco sobre o estado do mundo na década de 1930. E, diga-se de passagem, o game faz um excelente trabalho nesse aspecto, especialmente quando estamos evitando armadilhas deixadas por civilizações que já não existem mais. E todas as áreas do game são assim, elas seguem esse modelo, um cenário enorme e repleto de mistérios e missões secundárias, tesouros, inimigos, é fantástico porque de certa forma você tem liberdade, e caso alguma coisa fique para trás, quando você avança para outro país, pode achar lá algo que te permita voltar a algum lugar que você tenha deixado para trás sem resolver algum mistério em específico.
No início do jogo, o combate me pareceu um pouco atrapalhado, mas, com o tempo, peguei o jeito e a coisa fluiu muito bem. Podemos utilizar diversos objetos espalhados pelo cenário, como vassouras, marretas e violões, para derrotar os inimigos. Também é possível usar armas de fogo, mas elas alertam todos ao redor, e o jogo não impõe restrições nesse sentido: você pode optar por “pipocar geral” ou se esgueirar pelo cenário. A escolha é sua.
No entanto, vale lembrar que, se optar pelo caminho barulhento, a situação pode se complicar, já que todos os inimigos vão atrás de você. E, como o personagem é humano, levar tiros não é nada agradável, sua barra de vida diminui rapidamente. Não é fácil recuperar a saúde, e nem sempre os alimentos que você encontra, que ajudam na regeneração parcial da barra de vida, serão suficientes.
Ao longo do jogo, é possível melhorar atributos utilizando livros encontrados pelo cenário. Esses upgrades permitem aumentar o dano causado aos inimigos, a quantidade de barras de vida disponíveis, entre outras melhorias. Isso torna as coisas mais fáceis conforme você avança.
Um detalhe interessante é que os itens utilizados para atacar os inimigos se quebram após o uso, mas é possível consertá-los com um kit de reparo. Felizmente, isso não atrapalha muito, já que há muitos itens espalhados pelo cenário. Contudo, munição para a pistola é bem escassa, o que exige um pouco mais de estratégia na sua utilização.
-Ambientação, trilha sonora e construção de mundo
A ambientação do game é surreal, capturando perfeitamente os elementos dos filmes. Não importa onde estamos, seja no Vaticano, nos Estados Unidos, no Iraque ou nos Himalaias, todos os locais apresentam suas culturas e diferenças. Os personagens falam suas respectivas línguas, e as construções são extremamente específicas.
Mesmo que você não seja um conhecedor profundo de história, é possível perceber as diferenças culturais de forma clara, o que é muito interessante. Como mencionei antes, os cenários são bastante diversos e repletos de segredos. Há cofres contendo itens importantes que revelam locais escondidos, artefatos históricos que remontam a milhares de anos, informações sobre os inimigos e até easter eggs.
Inclusive, o jogo traz uma referência a Star Wars, o que é um detalhe divertido para os fãs.
A trilha sonora é espetacular e totalmente fiel aos filmes. O tema clássico de Indy está presente, e posso dizer: é impossível não se sentir dentro dos filmes enquanto joga este game. Se há algo que não poderia faltar, é aquele sentimento único dos filmes do George Lucas. Preciso admitir que, em vários momentos, me senti exatamente como se estivesse participando de uma das aventuras do Indy.
Nas cenas de ação ou descoberta, as músicas escolhidas são tão perfeitas que parecem ter sido feitas sob medida para o jogo. Vou citar um exemplo de ambientação bem construída, já mostrado em materiais promocionais da franquia: quando chegamos ao Egito, nos deparamos com os nazistas realizando escavações ao redor da Esfinge de Gizé. O clima é palpável desde a chegada.
Há pessoas preocupadas com a invasão, outras indiferentes, trabalhadores irritados com a situação e, claro, os alemães infernizando a todos. A direção de arte é de tirar o fôlego. Só de olhar para um dos maiores e mais misteriosos monumentos da humanidade e ter a chance de chegar perto já é algo incrível.
E para tornar tudo ainda mais impressionante, sob a Esfinge há muitos mistérios e tesouros nunca vistos pelas civilizações modernas. É fascinante imaginar algo assim e colocá-lo em um game, permitindo que outras pessoas experimentem um vislumbre da história oculta da humanidade, ou, pelo menos, imaginem como ela poderia ter sido.
-Recepção
A recepção do game foi excelente. Ele estreou com nota 87 no Metacritic e, ao final das avaliações, ficou com 86. É, sem dúvidas, um dos maiores, se não o maior acerto da Microsoft nos últimos anos.
Vale lembrar que o jogo estará disponível no PlayStation no ano que vem. Fontes sugerem que isso seria resultado de pressão da Disney para que a distribuição do game fosse ampliada. No entanto, acredito ser pouco provável, já que a divisão Xbox parece estar interessada em lançar seus jogos em todas as plataformas possíveis. O que tem gerado certa polêmica por si só.
-Polêmicas com os requerimentos para jogar no PC e conspiração de Indiana Woke
Se tem uma coisa que assusta geral é a otimização, e recentemente com a falta de interesse, ou mesmo safadeza e preguiça de grandes empresas como Sony e Ubisoft, alguns lançamentos sempre acabam gerando problemas para os usuários de PC devido à má otimização. O uso de engines bizarras e pesadas como U.E. (ou o mau uso das mesmas) sempre tende a ocasionar problemas para os usuários de PC, e no caso de Indiana Jones não foi diferente.
Quando a Machine Games anunciou os requisitos, a coisa foi feia e todo mundo no X estava preocupado. Para poder jogar no médio era preciso uma placa potente, e para usar o Ray Tracing (ferramenta que considero inútil), era preciso ter uma máquina muito mais forte. Porém, quando o game lançou, ao menos no acesso antecipado, essas preocupações foram deixadas de lado. O game está rodando geralmente super bem, eu não tive problema algum para jogar nas resoluções mais altas e compartilhar a gameplay com a galera no Discord, por exemplo. E não tive nenhum bug também, o que é ótimo já que comprei o game e ele é bem caro.
Conheci uma pessoa que teve problemas nas mecânicas do game, mas foi resolvido rapidamente no caso dela, e de resto não vi mais problemas, mas sabe quem viu problema no game? Eles! Sim, eles mesmo! Os agora então auto denominados cavaleiros do apocalipse, os anti-cultura woke, onde alegam que Indiana Jones (e todo jogo na face da terra) é mais um jogo castigado pelo temível estúdio Sweet Baby Inc (não que esse estúdio seja santo, porque onde passam deixam um estrago na maioria dos casos mesmo, por mais irônico que pareça).
Para assegurar esses jovem seguidores de Paulo Kogos, de que tudo está bem e que eles podem abaixar suas foices lendo minha análise, eu vou ressaltar que o game está perfeito, não tem nenhum elemento intrusivo e a história flue de forma perfeita, podem descansar seus paladinos da masculinidade.
Indiana Jones segue sendo o que sempre foi, um game fantástico onde Indy e sua parceira, como de costume em todos os filmes (nesse game ela se chama Gina Lombardi) trabalham juntos para salvar o mundo das garras dos nazistas, é o suco de Indiana Jones, se você gosta do aventureiro e seus filmes, então pode ficar tranquilo, o game é bem familiar mesmo.
-Opiniões
A Machine Games acertou em cheio em Indiana Jones And The Great Circle, eu já joguei muitos games da franquia Indiana Jones, já assisti todos os filmes diversas vezes, tenho a mídia física de ambos, tanto de alguns dos games quanto dos filmes do aventureiro, tenho poster, já tive brinquedos, sou um fã de longa data da franquia, muito do que gosto foi influenciado pelos filmes do Indy e posso dizer que esse game deve ser o maior já feito quando o assunto é Indiana Jones, não digo isso pelo alto orçamento que deve ter rolado para produzir o game, mas sim na questão de qualidade e imersão.
Eu amo teorias da conspirações, sou um apreciador de história, adoro essa loucura de que existem mistérios da humaniade escondidos por aí que nunca descobriremos, e que existe o sobrenatural e tem pessoas lutando para descobrir os segredos mais absurdos nesse mundo enorme em que vivemos.
Quem diria que teríamos um Indiana Jones em terceira pessoa? Espero de coração que esse não seja o último game do aventureiro mais badass da história do cinema, pois existem vários games da franquia, mas os que são bons mesmo dá para contar nos dedos.
Indiana Jones And The Great Circle é nostálgico. Se você já assistiu aos filmes, ou gosta de aventuras desvendando mistérios da humanidade, então a Machine Games fez um game só para você. Eu esqueci até de comer para jogar isso aqui, e isso não é normal de acontecer comigo. A nostalgia foi brutal, parece ser um game que veio de uma era que não volta mais. Eu me senti como se estivesse jogando Medal of Honor: Underground novamente, aquele sentimento de que você está vivendo em outra era, enfrentando nazistas enquanto se esconde nas sombras, vasculha documentos procurando informações secretas de líderes mundiais ou expedições escondidas do público e participa de eventos importantes na história. Lembrando que o foco do game do Indy não é o combate, mas todo o resto é o suficiente para te deixar imerso.
Eu tive lembranças de quando meu pai ainda estava vivo e nós assistíamos aos filmes do Indy, em especial “O Reino da Caveira de Cristal”. O ator que faz a voz do Indy na versão em inglês que joguei tem a voz muito parecida com a de Harrison Ford, e isso ajudou ainda mais na imersão. Em certos momentos, eu lembrava de uma cena desse mesmo filme onde Indiana olhava para um quadro onde seu pai ainda estava vivo. É engraçado pensar que o tempo passa e as coisas mudam. A nostalgia é algo mágico, mas também é muito perigoso; não podemos nos apegar demais, ou acabamos vivendo no passado e esquecendo de vivenciar o presente. Dito isso, fico feliz em jogar mais um game da franquia Indiana Jones, e um excelente game diga-se de passagem.
Nota Final: 9/10
Recomendado para quem ama história, aventuras épicas, arqueologia, mistérios da humanidade, teorias da conspiração, e principalmente se você gosta de socar nazistas. É até engraçado pensar que quando a Microsoft lança um game fantástico ninguém acredita que é real, até porque recentemente a gigante verde parece estar errando em muita coisa, mas dessa vez acertaram e muito, sobram até elogios para o nosso querido e nada mentiroso Todd Howard, que também esteve envolvido no desenvolvimento do game.
-Considerações Finais:
- Os gráficos são de tirar o fôlego.
- A história é sensacional, tanto que fiz muita força para evitar comentar sobre ela e as teorias que deram origem a ela.
- O game tem em média 16 horas de duração, eu terminei em cerca de 20 horas.
- Joguei em inglês, com legendas também em inglês.
- O game tem dublagem em português, e ela é muito boa.
- O sentimento é de que você está fazendo parte de um dos filmes do Indy.
- A trilha sonora é fundamental para a experiência do game.
- Um game desse calibre estar no gamepass é surreal.
- A câmera em primeira pessoa é bem imersiva.
- Os enigmas são bem criativos.
- É legal socar os inimigos e usar as armas e itens ao redor do cenário para cacetar seus adversários.
- O game roda liso apesar das específicações apontarem para o contrário
- R$ 350,00 na Steam é sacanagem, é a famosa arte de empurrar o jogador para os serviços de assinatura.